Que há hoje?

Dedicado à pequena e grande aldeia de Amoinha Nova, concelho de Valpaços

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Da eira do Ti Jaime...

No passado Domingo, entrei na Eira do Ti Jaime e recuei ao tempo dos meus avós Luísa e José Moreiras. Não! Não conheci o meu avô Zé, mas recordo a minha tia Umbelina, nesta casa, à lareira, a secar os cueiros da canalha do Heitor, acho eu. A minha avó fazia café na pichorra preta ao lume. Um dia pedi-lhe um cibo, e ela deu-mo. Era bem bô! Desta velha casa ainda sinto o cheirinho dos cravos que a minha prima Lina tinha na varanda, ali por cima da enorme padieira, onde reza a inscrição 1956, penso eu...e me oferecia. Também havia begónias enormes a espreitar das janelas ou portas, hoje em ruínas. Eram tão bonitas, estas plantinhas!
Depois, lembro a presença da minha avó Luísa na nossa casa, ali ao lado. Passou para lá, já velhinha. Dormia no quarto do relógio...ouvi qualquer coisa semelhante a isso aos irmãos mais velhos. Eu ainda era pequena...quando ela partiu de vez. Tinha uma ligação muito forte com a Capela e a religião. Fazia bonitas flores em veludo que colocava primorosamente na Capela. Dizem que havia algum atrito entre ela e o senhor Reitor, a respeito da ornamentação do templo. Parece que era muito "mandona" nessas coisas. A DªEsperancinha contou-me que nunca viu um funeral tão concorrido como o dela, tanto de pessoas das redondezas, como de Padres. Foi ela que confeccionou as comidas para eles, pois que, parece que os familiares, apenas velavam respeitosamente a sua falecida. Daí que o "comer" tenha sido feito na Casa do Sr.Casimiro, para onde se deslocaram os senhores Padres e o Sr.Reitor. Há tempos soube que ela ia de madrugada rezar pelo seu marido para o cemitério, onde permanecia durante muito tempo. Tenho de voltar a perguntar como se chamava ao "casaco" que ela usava nessas visitas e tb quando o frio apertava. As suas filhinhas/ gémeas, que faleceram com meses, foram as primeiras a serem enterradas no Cemitério, depois da proibição dos enterros na Capela. Os meus bisavós, estarão por certo enterrados dentro da Capela de Santo Antão.
  Tenho saudades da minha avó Luísa!

A rua mais estreita da Amoinha

Pois é, amigos!
Fica na eira do Ti Jaime Moreiras e é a mais estreitinha rua da Amoinha.
Ainda tentei entrar, mas ups...fiquei entalada!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

As casas da minha aldeia nos meus pincéis


Casa no Poilo, cujo proprietário é o amigo Osvaldo Baptista, no passado Sábado aniversariante.
Também temos aqui a Casa do amigo Tó Baptista, cujos proprietários são os amigos São e Osvaldo.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Cinquenta anos depois

À janela, a ver os bois a passar, que naquele tempo, eram muitos...
Eram grandes e medonhos! Ui, se eles me escornam! - Pensava eu.
Dizem que estes animais não vêem, são daltónicos ou que só identificam o vermelho, sei lá. Ainda sou pequenina e tenho medo de bois.
Também via as cabeças das mulheres, cobertas com aqueles escuros lenços e os das viúvas, então eram mesmo pretos. E os chapéus dos homens! Ah, isso adorava observar! Tinham assim uma aba larga e uma fitinha a abraçar o tecido que me parecia ser tão fofinho e macio. Quer dizer, acho que seriam macios apesar de não os poder apalpar. Sim, eu estava lá em cima a espreitar.
Acho mesmo que já não se fazem chapéus assim..
Não tinha grande permissão para estar ali à janela, mas sim, nas tarefas caseiras, como limpar o pó, arrumar as coisinhas, bordar e tricotar a camisola pro cuco. Nunca entendi o porquê de ter de vestir o animalzinho que tão bem canta. Aquilo era mais uma treta para entreter as meninas, pois era trablho tão moroso que nunca tinha fim. Um dia, caíram tantas malhas que julguei ter posto em risco o trabalho. A minha mãe, num ápice resolveu a situação e lá tive de continuar, sem grande vontade, bah.
Estava frio lá fora! Encontrei uma brincadeira para fazer...foi ao acaso que a descobri. Bufar no vidro e depois fazer uns desenhos. Nunca tive jeito para o desenho, mas era divertido...
Antigamente havia mais frio do que agora. Adorava ver os lindos e brilhantes candeeiros nos beirais das casas, a largarem as pinguinhas derretidas por um cibinho de quentura do ar. Olhava para um lado e caía uma, para o outro e mais outra a pingar naquela pedra ali no caminho, assim muito devagarinho. Bem, o meu pescoço também rodava lentamente porque era pequenina...
Nesses rigorosos Invernos, a água tralhava sempre na torneira. Ela vinha entubada, já há muitos anos, de lá de cima do Castelo...sei lá porque se chama assim, nem tem castelo nenhum...todas as manhãs, era o mesmo ritual. Pegar na tenaz, acho que já não conhecem este utensílio, há dias encontrei uma, nos escombros do velho armazém. Deve ser centenária! Não! É igual às outras...preta e de ferro, acho eu. Bem, então davam-se umas boas trochadas no tal cano, o gelo soltava-se, ah...havia a cena da água quente e o gelo começava aos poucos a soluçar e assim tipo vómito, lá ia saindo no estado líquido. Era divertido!
Que engraçado! As palavras são como as cerejas, ou coisa assim...tenaz= lareira. Lareira= pote. Pois é, lembrei-me do pote grande, dependurado no interior da lareira através de uma cremalheira. Olha, ainda lá está na cozinha da aldeia, mas agora com outra utilidade...
Aquilo botava muito fuminho, destapando um cibo do testo... fazia assim umas ondinhas escuritas...que subiam pela chaminé acima, para irem contar alguma inconfidência da família aos passarinhos ou até aos ratos, não o sabemos. Mas este pote conta muitas estórias: às vezes dava-lhe com um pau e ele dançava, dançava, até cansar. Outras ficava ali de lado, fora do lume para dar lugar ao assador das castanhas. Ai, ainda haverá algumas no armazém? Se o ratos não as encontraram, no próximo fim de semana, sai pote...ai, sai, sai!Ah...este pote estava sempre quentinho!Bem, de noite, descansava! E cheio de água, para lavar a louça e para outras coisas que agora não vem ao caso, bah.
O granizo é que era giro! Fazia uns risquinhos ao cair. Há dias cairam muitas bolinhas do céu. Acho que é do céu que cai, mas também caem outras coisas...
De neve, tenho de falar. Aqueles lindos tapetes tão macios e branquinhos. Lembrei-me agora: um dia mataram o reco. Disparate! Espectáculo medonho! É que o tal tapete ficou todo vermelho e eu passava ao lado...Quando se trepava nela, fazia cre.crrrrrrrre..mais ou menos assim, bah. Um dia caiu um telhado, quase em ruína com o peso da neve.
E chuva? Oh, isso temos de falar...Antigamente chovia mais. Agora o povo clama por ela...mas até tem chovido um bocadito bem bom.Os pãezinhos estão verdinhos e arreguichados. A aveia do Zé  Manel, antes amarelada e meio seca, agora mais bonita. Gosto de ver as coisinhas da terra bonitas e bem tratadinhas. Os campos ficam lindos!! O Osvaldo, do Poilo, já plantou as batatas do cedo e até já espreitam da terra.. claro, a água do céu chamou-as...o Tó tb plantou o cebolo. O Eurico e a Virgínia plantaram alfaces, mas as pitas alheias debicaram-nas...até eu, se fosse pita!
Então, estava eu à janela, pequenina... eis que, de lá de cima do Lugar do Castelo, nunca lá vi castelo nenhum, sei lá...aparece um homem, com ar apressado e com ar de missão cumprida.
De cabelos em pé, e toda arrepiada, observo o caminhar do homem, aproximando-se do local. No ombro, um tubo, acompanhava os movimentos do senhor, coisa mole, e com côr que nem sei definir.
Há dias soube que era um vestigo!
Mas o que é um vestigo? 

Leonor Moreira

terça-feira, 10 de abril de 2012

Parabéns primo Gilberto



Embora com atraso, deixamos aqui votos de que concretizes os teus projectos aí em terras do Luxemburgo. De presente, recebe a Cruz na tua casa da aldeia.
beijinhos

Bênção Pascal na Amoinha

Aqui vos deixamos a primeira parte da reportagem da Visita Pascal com a Bênção da casa dos senhores Mordomos. Foi uma festa muito bonita pois que todo o povo acompanhou a Cruz a todas as casas.





segunda-feira, 9 de abril de 2012

Visita Pascal : a nossa linda Cruz

Está muito bonita!
Temos de agradecer a Lídia Moreiras o seu enorme empenho na decoração da "nossa" Cruz. A miúda tem mesmo jeito!
Era meia-noite, quando a Cruz chegava à Casa Moreiras, pela mão da senhora Mordoma, a nossa Tininha.
Religiosamente espalhados na velha mesa, estavam flores, invisíveis arames, fita para o laço, tesoura...ah..e o "esperrinhador de água" (que teimava em não funcionar) e aí estava ela, em silêncio, na decoração.
Corta uma flor e põe aqui, com muito cuidado e só com a ponta dos dedos, mais outra e põe mais além e mais outra e por aí fora. De seguida, veio o arame, coisa moderna de estica e encolhe, e lá ia furando a flor com a pontinha daquele, uma e outra e mais outra. Colocada a grinalda no seu lugar, chamou-me para eu observar se resultaria melhor, mais para a esquerda ou mais para o outro lado, mas que não tocasse nas florzinhas... os olhos dela brilhavam a cada gracioso movimento e eu, limitava-me a não respirar...
Naquela noite ficámos bem acompanhados! Ali, na mesa da sala, Cristo estava connosco!
Obrigada, Lidinha!

As Cruzes