A magia da vizinhança
Era eu muito pequena, quando conheci um senhor. que ao longo dos dias e anos, me fui apercebendo tratar-se de uma pessoa muito especial.
Tinha duas filhas, a mais nova das quais esperou um dia para nascer depois de mim. Era com ela que eu passava os momentos de brincadeiras possíveis e permitidos, ali no quintal denominado de "carneiro", no Bairro do Penedo. Parece que havia uma rocha por baixo daquelas casas todas, que "nascia" precisamente na adega deste senhor e aí estará a origem dessa designação. O Penedo! Havia mais canalha, mas eram rapazes e...brinca-se com meninas - era-me dito.
Oh! Como nós inventávamos brincadeiras! Sempre as duas! Recordo-me de baptizarmos as duas bonequinhas iguais que a Dª Rosalina nos tinha trazido do São Caetano, fizemos comida e tudo. Olha, as bágoas rolam pela minha cara e impedem-me de partilhar outros momentos deliciosos da minha infância que os sóis todos já fizeram muitos ocasos e nasceres.
E ele passava por ali e deitava o olho...mas também íamos pra cozinha dele. Foi lá que eu aprendi a gostar dos pimentos no vinagre...
Como eu adorava partilhar estas vivências boas, agorinha com o meu Amigo! No Penedo, na Calheia, ou sei lá...em qualquer lugar!
Mais tarde, falávamos por esses lugares lindos daquela sua e minha aldeia e eu aprendia sempre, cada vez mais. Eu percebia que ele era meu amigo. E quem não gosta de ter um Amigo Grande?
Ah! Agora estou a sorrir! Nem sei se o faça aqui, mas acho que me apetece.
Refiro-me às últimas pegadas que ele deixou no meu coração há 3 ou quatro dias antes de partir.
Visitei-o e encontrei-o muito fraquinho fisicamente, mas sabiamente igual ao que sempre foi.
Aconselhada a não o cansar com as minhas palavras, ele quis partilhar e recordar comigo um dos episódios vividos por ambos lá muito para trás das nossas vidas. Tão bonito esse curto momento !
Ontem, as fofas nuvens envolveram-no com a sua macieza e alvura e levaram-no ao encontro da sua mãezinha e Rosalina. Fica o enorme vazio da sua ausência física, a saudade...mas os seus ensinamentos e exemplo ficam entre nós.
Sr.Zé do Forno, paz à sua alma!
Obrigada por tudo
Também recordo com saudade os tempos vividos no Bairro do Penedo, junto do meu especial amigo Sr. Zé do Forno. Vivi longos anos de frente para ele, era só atravessar a estreita rua que nos separava. Bons tempos esses passados na companhia de toda aquela família maravilhosa a quem tanto devo.
ResponderEliminarO Tio Zé, como sempre o tratei, partiu. Partiu fisicamente mas a sua presença continua a ser bem viva na minha vida. Que deus o tenha em eterno descanso.
Até sempre, bom amigo!
Bilela
Se fosse no facebook bastaria por um like neste post, mas tratando-se da pessoa que foi e abusando da paciência da administradora do blog, acho que merece muito mais que isso. E porque também passei a minha infância no Penedo, tenho como todos os outros gratas recordações do tempo que ali vivi, e onde regresso frequentemente, mais do que as andorinhas que o fazem apenas na primavera, eu regresso em todas as estações do ano. Mas vão ser diferente as minhas idas ao Penedo, porque no banco instalado junto ao portão da casa da minha mãe, o qual é um troféu oferecido pela Câmara, por este bairro ter sido eleito o mais florido da freguesia, já não vou encontrar o tio Zé, com quem conversava de tudo. Por vezes falava-lhe das capitais europeias que ele sabia ainda o nome de todas do tempo em que estudou Geografia, e que eu também conhecia mas por ter a sorte de as ter visitado. Mas falávamos sobretudo do passado da nossa terra, das pessoas e do seu modus vivendi, temas que sempre me interessaram e que ele foi a minha maior fonte de informação sobre essa matéria. Tinha com ele e com a sua família laços de amizade muito fortes, além de termos ainda relações familiares, a sua mulher D. Rosalina, foi minha ama de leite, esses laços foram depois reforçados com o casamento do meu irmão Manuel com a Isabel.
ResponderEliminarPor tudo isso não considero que a morte do Sr. Zé, seja exclusivamente uma perda exclusiva da sua família, ela foi também uma perda para toda a nossa comunidade.
Um bem haja pelo muito que me ensinou.
Nuno Santos
ResponderEliminarHá homens que não morrem nunca.
De José Ferreira, fica uma saudade imensa.
Até sempre, meu bom amigo.
Lídia Moreiras
Que sua alma descanse em paz
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