terça-feira, 4 de outubro de 2011

Grande atracção!!"O da gaita grande!"


Decepados hoje dos passatempos tradicionais da mocidade do séc.passado, ultrapassados pelo aparecimento das novas tecnologias, os nossos "intigos" conheciam bem a cor da alegria.
Os adultos cantavam em todas as actividades: nas cegadas, na degranha do milho..as mulheres treinavam aqueles cânticos novos para a missa de Domingo.
Os moços, à excepção do tempo da Quaresma, em que as mulheres não o permitiam, arranjavam sempre uma maneira de se divertirem.
Hoje com a desertificação acelerada por via da emigração e de outros motivos que para agora não vêm ao caso, a única diversão na nossa aldeia é o "baile" do duro trabalho na terra.
Bailes! Todos os Domingos eram motivo para fazer um baile e o local era quase sempre o mesmo. O Fernando ainda se lembra dos bailes ali na eira da, há muito desactivada escola. Conta ele que bastavam uns ferrinhos mais um realejo e estava a "tenda" montada. Os moços vestiam a roupa dos Domingos: calças de tirilene e camisa branca, alguns até botavam "gurbata", depois de se terem "amandado" pra poça do Barroco, que ainda não havia casas de banho e tb não faziam falta; as moças botavam lenço novo, uma blusinha bonita com rendinhas, saia...claro, pois que ainda não era moda de botar calças, atão? Ah! E sapatos novos e ..meias de..._de que material, Lidinha? Estamos velhas, catano!
Mas um dia desses no intigamente, o Manel Chamoinha veio, acho que de França, e trouxe um desconhecido realejo grande, tocava dos dois lados. Aquilo é que tocava bem, moços! Era cada modinha!
Bem, mas na Quaresma, iam para Vila Nova. Lá levavam a gaita e a canalhada até dizia:
- Ei, vem aí o da gaita grande!!!
Mais tarde o Gilberto comprou um gira-discos ao, acho que Berto ali de France e aí a moçarada ia por aí afora com ele mais os discos da moda às costas, quem sabe, pra botar uma dança com aquela rapariga que já tinham encatrapiscado.
Já não se vêem gaitas grandes nem há moços pra bailes destes!
Obrigada ao amigo Flávio Constantino que nos contou esta história para que não se perca no tempo este maravilhoso "intigamente"!

2 comentários:

  1. A minha mãe costuma dizer "Quem vê um povo vê o mundo todo" é curiosa a semelhança quanto à forma de lazer dos amoinhenses, com os outeiro secanos, durante a primeira metade do século passado. Talvez os de Outeiro Seco andassem um pouco à frente, porque entre a utilização do realejo e da concertina, e antes de aparecerem os gira-discos, ainda tivemos a grafonola.
    A grafonola era um instrumento movido a manivela e que o disco jóquei tinha de mover de vez em quando, para o disco tocar. Quando este temporariamente se ausentava, a música ia ficando mais lenta e empastelada, levando os dançantes que pagavam este serviço, a gritar!
    - Dá à manivela.
    Uma outra curiosidade é que em Outeiro Seco, também houve um Chamoinha, cujo nome de baptismo fosse José Medeiros, ainda que muita gente o não soubesse, pois só lhe chamavam Chamoinha ou Chinchelão.
    Esta forma de diversão utilizada pelas populações rurais chegou quase até ao finais da década de sessenta, altura em que apareceu a televisão e criou nas populações rurais outros hábitos bem menos saudáveis e menos sociais. A televisão foi um dos primeiros passos na globalização. Globalização essa da qual todos nós estamos hoje a sentir os efeitos, uns positivos, outros nem tanto, mas é a vida como um dia disse António Guterres.
    Nuno Santos

    ResponderEliminar
  2. Olá amigo Nuno!
    Obrigada pelo comentário e pela informação tão pertinente.
    Aproveito e, pq não tenho o teu e-mail,deixo aqui uma nota especialmente para ti, já que no teu livro falas do primeiro alfaiate de Out.Seco.
    Na realidade trata-se de ANTÓNIO DO NASCIMENTO DIAS (1855-1920), nascido em Tronco, pai de padre Albano Dias.
    José Dias era avô do referido meu tio padre.É assim?
    Data dessa altura, a famosa máquina de costura, marca ROBINA, que foi publicada a imagem, no blog concorrente..aahah.
    abraço
    Tenho lista de padres de Out.Seco desde mil setecentos e tal, se um dia precisares...ou já terás bah.
    leonor moreira

    ResponderEliminar

Deixe o seu comentário